Olhos curiosos passeavam pela sala a procura de. E, no entanto, mesmo se procurassem no lugar certo, perceberiam que a procura era em vão. Só viram uns pés, com cadarços desamarrados, que arrastavam pelo tempo, um corpo afirme, aforte, insorte.
Seu olhar era anguloso e causava na gente vertigem, vontade de contrair-se até os ossos doerem! Não sei explicar melhor, seu olhar era, assim assim, como um poço!

Dobrar o corpo
Dobrar-se a um ponto morto

Sonhei com você, mas você ainda era uma criança, um menino que estava perdido. Você não chorava, estava apenas sério esperando alguém chegar. Eu te vi e quis te ajudar, você nada falou, apenas olhava pra mim com olhos zangados. Mas eu sabia que não era raiva que saia dos seus olhos, das suas mãos, de todo o seu corpo. Sabia que, antes de tudo, era medo, medo pelo que iria acontecer, medo por talvez ficar perdido pelo resto da vida. Mas, mesmo assim, você segurou minha mão estendida, ainda sem falar qualquer coisa. Andamos pelo mundo à procura dos seus e quando os achamos, você tinha que partir, ficar longe de mim. Eu chorei, não consegui evitar; pois sabia que demoraria muito tempo pra que voltássemos a nos encontrar. E só nesse momento você falou algo, falou seu nome como forma de agradecimento pelo que fiz, falou seu nome pra que fosse possível eu te reconhecer quando, finalmente, te encontrasse. E agora ando por aí procurando por você, pelo seu nome.